O Maternal é uma etapa na fase da
criança em que o que se evidencia é o brinquedo simbólico: o
faz-de-conta. A fala que nesse período se destaca, é a manifestação mais
real e clara da função simbólica. É a partir dela que se dá uma outra
etapa importante em direção sujeito-objeto. Nesse sentido, a criança
fará uma série de acomodações em busca de maior compreensão do mundo que
a rodeia. Para tanto, é de fundamental importância que a linguagem
oral, o brincar de faz-de-conta, imitar pessoas, animais, situações
diferentes, sejam muito valorizadas e trabalhadas continuamente em classe. Construir sua
história de vida e outras pequenas histórias, além de participar de
atividades de curta duração que envolvem o coletivo e de momentos para
pequenas negociações e limites, escolher brinquedos, pegar suas roupas e
vestir-se, comer sozinha, são atividades que permitem às crianças do
Maternal maior descontração e autonomia nas atividades cotidianas na
sala de aula, pois são oportunidades para que a criança possa, sozinha,
ir resolvendo suas pequenas dificuldades, de forma que ela as realize,
do seu modo, o que pode fazer sem ajuda.
Esta é a fase do início da socialização,
de buscar companhia, de brincar junto. A criança desenvolve regras de
convivência aceitas por outras crianças e reage a qualquer quebra de
acordo. Também é cada vez mais desenvolta, mais segura de sua capacidade
de correr, pular, fazer exercícios que exigem equilíbrio.
É fundamental também no período do
Maternal, a “Roda da Conversa”, onde a linguagem oral é muito valorizada
e os assuntos são propostos e discutidos pelo grupo. A linguagem
desenvolve-se e ela começa a se expressar cada vez melhor. Por isso, é
importante um espaço escolar onde as pessoas falem com as crianças. Essa
atitude é o fator que mais contribui para a construção da linguagem.
Nesse momento, a criança ainda não responde verbalmente, mas externa
suas vontades, combinando gestos com palavras soltas. A socialização, o
conversar, a troca de idéias, o raciocínio e o vocabulário se
desenvolvem naturalmente pelo pensar e agir. É um momento que dever ser
prazeroso e criativo. Na rodinha, o professor poderá trabalhar as
“marcar do nome”, levando a criança ao início da escrita, entendendo que
a escrita é uma “marca”, um “código” do que se fala. Poderá ser
elaborado juntamente com os alunos os “Combinados”, um cartaz ou mural,
onde as crianças combinam o que podem não fazer, explorando o conteúdo, o
raciocínio lógico, a organização e a linguagem. As brincadeiras,
atividades em grupos, dramatizações dão também oportunidade à criança de
ouvir e falar, permitindo vivenciar e adquirir as regras sociais.
As atividades orais de transmissão de
ordens, recados, avisos, notícias, pedidos e informações proporcionam
também oportunidades de atividades de Linguagem Oral que as crianças
gostam muito de partilhar. Sendo situações inteiramente sociais, devem
ser utilizadas nas salas situações do dia-a-dia surgidas
espontaneamente.
Contar e ouvir histórias é uma atividade
sempre presente na rotina das crianças que freqüentam classes de
educação infantil. Através das histórias, os alunos alimentam a sua
fantasia e o imaginário, colocando-se no lugar do personagem. Podem
acalmar as crianças em determinadas horas do dia, elas colocam as
crianças em contato com a realidade mágica, e, é através delas, que
poderão crescer com maior autonomia e seguras de si, quando mais tarde,
lhes couber o papel de interpretar o mundo adulto.
Os contos de fadas através da simbologia
das imagens e do enredo, revelam verdades importantes sobre a vida e
todas as implicações que ela apresenta: nascimento, trabalho, injustiça,
castigo, vitória, prêmio, conquista do amor. Tantas vezes, os contos de
fadas abordam a necessidade de o ser humano provar-se, sentir medo,
para que possa revelar sua capacidade de indivíduo que luta e vence.
Apresentado à criança, perde o conto de fada o seu sentido, se alguém
explica o significado. “Histórias de fadas ensinam pelo método indireto”
(Manoel Cardoso). Eles têm um poder extraordinário sobre a imaginação,
onde envolve totalmente as crianças que para cada momento da leitura,
apresenta uma emoção diferente de acordo com a realidade apresentada
pelo contador de histórias. Elas gostam de ouvir histórias que estimulam
o seu mundo de fantasias (com crianças, plantas, do meio ambiente,
animais, objetos do seu próprio ambiente e contendo elementos
sensoriais, movimentos rítmicos e repetições).
Estas atividades são maneiras de fazer
com que as crianças, ainda que, não saibam ler e escrever
convencionalmente, tomem contato com a escrita, e percebam que ela
representa algo, familiarizando-se com ela nas variadas situações do
cotidiano.
Nessa fase também as brincadeiras
tornam-se um espaço de aprendizagem, onde a criança realiza
simbolicamente o que mais tarde se tornará real. Enquanto brinca,
involuntariamente a criança aprende a se subordinar-se às regras das
situações que reconstrói, o que será muito importante futuramente, para a
convivência em sociedade.
Brincar faz parte do dia-a-dia das
crianças. É algo muito espontâneo. É através da sua imaginação que a
criança constrói e interpreta o mundo a sua volta. A imaginação permite à
criança relacionar interesses e necessidades com o mundo que para ela
ainda é pouco conhecido. As brincadeiras refletem o modo de construir o
mundo pela criança. É através delas que de maneira lúdica, a criança
interpreta o mundo e interage nele. É a atividade principal da criança
pequena. Quando brinca a criança cria situações imaginárias em que se
comporta como se estivesse agindo no mundo dos adultos. Enquanto brinca,
esse conhecimento do mundo que a cerca, se amplia, porque nessa
atividade lúdica, ela pode agir como os adultos agem, podendo usar
imaginariamente objetos que só os adultos podem usar e ela não. Nesse
jogo de faz de conta, a criança experimenta diferentes papéis sócias,
que contribuirão para a sua formação, enquanto ser social.
O importante nas brincadeiras, não é o
resultado das ações, mas as ações, ou seja, a necessidade de satisfazer
as suas curiosidades e aprender a conhecer o mundo que precisa aprender a
viver. Além de espaço de conhecimento do mundo, as brincadeiras fazem
com que as crianças possam conviver com diferentes sentimentos que fazem
parte da sua realidade interior, permitindo realizar ações concretas,
reais, relacionadas com sentimentos, que de certo modo ficam guardados.
Através das atividades lúdicas, as crianças exprimem seus anseios, suas
angustias, suas necessidades e interesses, contribuindo desta forma,
para o seu crescimento enquanto pessoa; aos poucos enquanto brinca, a
criança vai organizando suas emoções e tornando-se um ser que
paulatinamente vai aprendendo a conhece-se melhor e a aceitar a
existência dos outros.